quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Crise no PAIGC não precisou do PRS para inviabilizar o Programa do Governo de Carlos Correia

O Parlamento guineense recusou na manhã de hoje, vinte e três de Dezembro, a Moção de Confiança solicitada pelo Primeiro-ministro, Carlos Correia na passada segunda-feira, 21 de Dezembro. Depois de dois dias de discussões e impasse, na manhã desta quarta-feira, os deputados da Nação votaram o Programa. A maioria do partido que sustenta o Governo, o PAIGC com 57 deputados, não conseguiu nada mais que quarenta e dois votos. 

Dos 101 deputados presentes na sala, 56 votaram abstenção e 45 a favor, sendo estes últimos os deputados do PRS. 40 Deputados do Partido da Renovação Social (PRS, com 41 deputados)  votaram abstenção em bloco.  15 deputados do PAIGC, votaram abstenção e o mesmo aconteceu com o deputado do Partido da Nova Democracia (PND).

Os dois deputados  do Partido da Convergência Democrática (PCD) dirigido por Vicente Fernandes, ministro do Turismo no actual governo, votaram a favor da moção de confiança e um deputado da União para Mudança (UM) liderada por Agnelo Regala, ministro da Comunicação Social, votou a favor.
De acordo com a Constituição da República guineense, em caso de voto negativo, o programa do governo volta ao Parlamento dentro de 15 dias e em caso de uma nova rejeição o executivo cai automaticamente e cabe ao Presidente da República solicitar ao partido maioritário a indicação de um  nome para formar uma nova equipa governamental.
Momento depois da votação, o líder da bancada parlamentar do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) Califa Seide, disse que o seu partido não vai desistir do “diálogo para o bem do país e da estabilidade” através de concertação com actores internos ao partido e partidos na oposição.
O PRS como já defendeu o líder Certório Biote, lamenta o facto do PAIGC com 57 deputados eleitos nas últimas eleições não ter conseguido fazer passar o Programa quando precisava apenas de 51.
Isso só demonstra a divergência profunda existente no partido e prova a sua incapacidade de governar. O chumbo da Moção de Confiança do Governo de Carlos Correia prova que o PRS é que sustentava a governação anterior.
Outrossim, o PRS lamenta as denúncias de ameaças de morte à certos deputados do PAIGC, nomeadamente Braima Camará que durante a votação, assumiu uma posição contra o Programa.
Quanto ao PRS, o partido provou ao longo deste debate que tem uma posição neutra. Depois das humilhações nas negociações o PRS limitou-se a manter neutralidade e deixar que o PAIGC prove aos guineenses o seu grau de divergências. O PRS demonstrou uma coesão jamais vista, prova de que o partido tem princípios.
As denúncias de compras de consciência não influenciaram em nada a posição do PRS que, para além de considerar o Governo ilegítimo e Inconstitucional, decidiu ser equidistante e permitir que o partido que sustenta o Governo trate dos seus assuntos.
Agora cabe a cada um dos guineenses tirar ilações e saber quem na verdade cria instabilidade neste país.


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